O dono do manual

Caraca, li e gostei muito...
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"Quem gosta de ouvir as mulheres acaba escutando coisas que não têm equivalência na linguagem masculina. Outro dia, falando com uma amiga, ouvi uma expressão inédita para mim: o dono do manual. Quando percebeu a minha cara de espanto, a amiga deu uma risada gostosa e explicou que o dono do manual é, simplesmente, o sujeito que melhor transa com uma mulher. Não é o cara de quem ela mais gosta ou a quem ela mais admira, tampouco é o sujeito que ela ama ou com quem deseja se casar. É apenas (se é que o advérbio se aplica) o sujeito com quem ela faz sexo mais gostoso. Com mais liberdade, com mais intensidade, com mais prazer. Ao terminar essa explicação, minha amiga voltou à sua história e concluiu com ar tristonho: “Só de pensar que eu nunca mais vou transar com esse cara me dá uma tristeza...”. Ele é o dono do manual.
Como os homens são animais naturalmente inquisitivos, eu me pus a pensar se eu já fui o dono do manual de alguém. Ou sobre quem seria o dono do manual das mulheres que passaram pela minha vida. O resultado não foi inteiramente tranquilizador. É inquietante pensar que a mulher que você ama pode ter outro homem como paradigma sexual. Enfim, fiquei abalado com as palavras da amiga. Nos últimos anos, quando isso acontece, eu recorro a um mecanismo que, por falta de um nome melhor, eu vou chamar de equivalência sexual. Penso se aquilo que me perturbou no comportamento ou no sentimento da mulher já não aconteceu comigo. Em geral a resposta é sim.
No caso do dono do manual não foi diferente. Todo homem adulto se lembra de uma ou mais mulheres com quem o sexo costumava ser prodigioso. Fulana era espetacular, Sicrana me punha louco. Há casos de química arrebatadora e há situações arriscadas e excitantes. Às vezes essas duas coisas se somam para um efeito avassalador. Que fica. Anos depois, você está mergulhado no trabalho e vem do nada uma lembrança tão pungente que dá vontade de ligar para o 102 e descobrir, naquele instante, o paradeiro da desgraçada. Mas você não liga. Não faria sentido.
Muitas dessas coisas, senão a totalidade delas, nada têm a ver com amor. É sexo do bom, às vezes com péssimas consequências. Lembro de várias conversas ao longo dos anos com amigos divididos entre a mulher de quem eles gostavam e a mulher com quem transavam feito louco. O que fazer? Nem sempre a vida põe o melhor de tudo no mesmo pacote. Quando isso acontece, as pessoas têm de escolher. Eu suspeito, sem base científica, que os homens raramente escolhem o sexo. Assim como as mulheres.
Logo, não há motivo para desespero se o dono do manual dela não é você. É provável que “a dona do seu manual” (entre aspas, propositalmente) também não seja ela - embora haja uma diferença sutil na importância que homens e mulheres atribuem aos parceiros sexuais fabulosos.

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