Elas fazem um mundo melhor

 
Existe um traço comum nas ações sociais que chegaram à etapa final do Projeto Generosidade 2010 – todas pretendem transformar a realidade. “A ideia do Generosidade é ambiciosa”, afirma Bizuka Corrêa, coordenadora do projeto. “Não queremos só premiar, mas dar visibilidade a ações que, de outro modo, não seriam conhecidas. É para inspirar.” Esta edição contou com o envio de 206 relatos para o site do projeto e 56 reportagens publicadas pelas revistas da Editora.
Há entidades que formam empreendedores, pois acreditam que a geração de renda cria pessoas independentes e produtivas. Outras veem na educação de qualidade e na geração de emprego a chance de mudar destinos. Há iniciativas que desafiam o estado das coisas: o engenheiro José Roberto Fonseca descobriu um jeito de levar água ao sertão alagoano. A ONG Juriti leva a internet aos rincões do Ceará, enquanto na Vez da Voz os deficientes produzem um telejornal para pessoas como eles. O TV Cela, um programa feito e apresentado por detentas, virou ferramenta de inclusão social dentro da cadeia. E há mais: uma entidade ajuda crianças a enfrentar os percalços do câncer, ao mesmo tempo que outra dá apoio a jovens mães que buscam se livrar das drogas e da prostituição. É a divulgação de histórias como essas – que você conhecerá com detalhes nas próximas páginas – que move o Generosidade.

 
Um telejornal feito por (e para) deficientes
Vez da Voz, São Paulo (SP)
Cláudia Cotes é uma inquieta fonoaudióloga que sonha com um mundo para todo mundo. Um lugar que inclua todo tipo de pessoa, com todo tipo de deficiência. Ela criou o primeiro jornal brasileiro da internet, o Tele Libras, traduzido para todos os públicos. Nele, há audiodescrição e interpretação em Libras, linguagem de sinais usada por surdos. A apresentação é feita por deficientes (cadeirantes, surdos, cegos, com síndrome de Down). Eles querem quebrar as barreiras da comunicação e as impostas pelo preconceito.
O que faria com a doação:
“Transformaria mais pessoas com deficiência em repórteres e montaria um estúdio de TV” 


 Uma revolução na comunidade
Eco-Engenho, São José da Tapera (AL)
O ano de 2003 transformou a vida do engenheiro José Roberto Fonseca e a de 36 famílias de uma comunidade rural de Alagoas. Elas aprenderam a cultivar pimentas que são vendidas em hotéis de luxo e no aeroporto. Isso foi possível porque o engenheiro adequou água salobra ao consumo humano e à plantação, instalou cisternas para a captação de água da chuva e implantou um mecanismo que garante o fornecimento de energia. O plantio proporciona um salário mínimo por família, em média.
O que faria com a doação:
“Consolidaria o abastecimento de água, construindo uma adutora. Faria uma estufa para o cultivo de pimentas raras. Criaria um fundo de microcrédito” 


Estilo e renda em lugares improváveis
Design Possível, São Paulo (SP)
Usar o design como ferramenta de transformação social. Essa é a missão de uma organização criada por professores. Ela capacita moradores da periferia, detentos e membros da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) para que eles se tornem artesãos e empreendedores. A formação dura três anos e já permitiu que ex-alunas abrissem empresas e vendessem peças a lojas da rede Tok&Stok.
O que faria com a doação:
“Levaria a iniciativa a outras partes do Brasil e desenvolveria um sistema aberto de gestão, que poderia ser copiado por outras ONGs. Ampliaria o crédito aos artesãos” 


Todo mundo pode acessar a internet
Juriti, Juazeiro do Norte (CE)
Uma carcaça de um antigo ônibus americano, um motor Mercedes-Benz e o espírito generoso de 35 pessoas transformaram sucata em uma lan house ambulante. O Expresso Digital, como foi batizada, tem oito computadores com acesso à internet. Do lado de fora, há dez laptops que são usados por crianças. Mais de 34 mil usuários já foram beneficiados pelas andanças do ônibus, inclusive os mais arredios à tecnologia.
O que faria com a doação:
“Garantiria a continuidade das atividades, compraria mais computadores e investiria na formação de novos educadores” 


Um abrigo para mães adolescentes
Lua Nova, Sorocaba (SP)
Oferecer apoio e abrigo para mães que lutam para deixar as drogas e a prostituição é o objetivo da Lua Nova, que já atendeu mais de 3.500 mães e seus filhos desde sua criação, em 2000. O projeto foi idealizado pela psicóloga Raquel Barros, que começou a trabalhar como voluntária na Itália. Lá, ela ajudava mulheres que haviam engravidado sem planejamento. Aqui, as jovens mães atendidas – elas têm entre 13 e 18 anos – aprendem a fabricar bonecas, fazer pães, docinhos e salgadinhos para festas e são ensinadas a construir a própria casa. Elas também discutem seu papel de mãe e como lutar por um futuro melhor para si e as crianças.
O que faria com a doação:
“Construiria um local maior para acolher mais mães” 


 Uma chance para a ressocialização
TV Cela, Votorantim (SP)
Imagine um programa de TV feito por detentas. Os temas versam sobre o futuro, a esperança de liberdade. Esse programa existe, chama-se TV cela e é veiculado em canais comunitários. Cuidam dele as reeducandas da Cadeia Pública Feminina de Votorantim, com o apoio dos jornalistas Werinton Kermes e Luciana Lopez, idealizadores do projeto. A simplicidade do estúdio montado no corredor da cadeia contrasta com o profissionalismo das moças, que sonham em reconstruir a vida.
O que faria com a doação:
“Investiria em formação, numa cooperativa e na contratação de assistentes sociais para as detentas” 


 Onde os alunos aprendem de verdade
Educadores Sem Fronteiras, São Paulo (SP)
Corrigir falhas no ensino público é o que move Nádia Sacramento, que sentiu na pele o que é ter uma educação insuficiente. Hoje, ela é formada em letras e cuida da Educadores Sem Fronteiras, entidade que atua no Jardim Ângela. O professor não avança enquanto o aluno não compreender o conteúdo. Vale até levar os alunos ao cinema e ao teatro. Eles aprendem, os boletins melhoram e se torna possível chegar ao ensino técnico e à faculdade.
O que faria com a doação:
“Construiria uma rede de compartilhamento pela web, viabilizando a educação à distância e, ao mesmo tempo, valorizando educadores regionais” 


 Ajuda para ganhar dinheiro
Acreditar, Glória do Goitá (PE)
Na Zona da Mata pernambucana, a palavra empenhada basta como garantia para obter empréstimos. A ideia foi da Organização Não Governamental Serta. Com apenas R$ 10 mil, boa parte conseguida com a venda de comida e bebida em uma festa, a entidade montou um programa de microcrédito rural que ajudou a formar 600 empreendedores em uma área onde a tradição é viver do corte de cana.
O que faria com a doação:
“Aumentaria os recursos para empréstimos a jovens e mulheres. Criaria um fundo para valorizar empreendedores de sucesso e inspirar outros. Fortaleceria os programas de educação financeira” 


Apoio para enfrentar o câncer
Ahpas, São Paulo (SP)
Com quatro Kombis, oito funcionários e 42 voluntários, a Ahpas oferece transporte gratuito a 30 crianças e jovens carentes que têm câncer. Eles precisam ser tratados em hospitais que ficam em áreas centrais da cidade e, portanto, longe de casa, na periferia. “Não é só a questão de transportá-los. A doença os deixa frágeis, com baixa estima. Um transporte particular evita que fiquem ainda mais abalados com olhares de preconceito ou piedade”, diz Tatiana Piccardi, presidente da entidade.
O que faria com a doação:
“Compraria dois veículos novos e contrataria dois motoristas para atender mais 12 pacientes” 


Emprego para moradores de rua
Coopamare, São Paulo (SP)
Há 21 anos, quando chegaram a uma área nobre do bairro de Pinheiros, os ex-moradores de rua que trabalham na Coopamare, cooperativa de catadores, tiveram de enfrentar a resistência de alguns moradores. Hoje, eles reconhecem a importância do trabalho das pessoas que, todos os dias, separam 3 toneladas de sacos de lixo. Cerca de 20% vêm da vizinhança. Tudo é vendido a indústrias de reciclagem e gera renda de até R$ 1.000 mensais para cada trabalhador.
O que faria com a doação:
“Investiria na manutenção de equipamentos, construiria banheiros e reformaria duas áreas. Trocaria o piso, feito de terra batida” 




Fonte: Veja 
 

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